Origens da viola
Histórico sobre a Viola Caipira
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Uma Breve Introdução
A viola caipira e descendente direta da viola braguesa,intrumento originário de Portugal que veio para o Brasil no período da colonização [ref 1]. Com o decorrer dos anos, a viola tornou-se um instrumento musical típico do interior de alguns estados brasileiros, onde é utilizada nos festejos populares, como a folia de reis e folia do divino,entre outros. Atualmente a viola é encontrada em algumas regiões principais, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Em cada uma destas regiões encontramos diferentes métodos para executar o toque da viola, que são transmitidos e modificados de um violeiro para outro. As afinações utilizadas também são muito variadas e têm diferentes nomes. Entre as mais conhecidas estão as afinações Cebolão, muito usada em São Paulo e a Rio Abaixo, em Minas. Na região mato-grossense encontramos também um outro tipo de viola, a viola de cocho.
Para melhor se informar : A Viola Caipira, Roberto Correa
Características da Viola
A viola caipira e um instrumento de formato parecido com o violão, com a diferença de que seu bojo tem uma curvatura mais acentuada e um tamanho menor. Ela tem dez cordas de aço agrupadas aos pares, num total de cinco pares. No interior brasileiro é muito comum encontrar fabricantes de viola que utilizam as madeiras locais para a construçao,fazendo com que não tenhamos um padrão na construção do instrumento. A escala da viola também e variável, existe a escala normal com doze casas até o bojo, como no violão, e a viola " Meia Regra " que possui apenas dez casas. A extensão da escala pelo tampo também não é padrão. Um grande violeiro e construtor de viola, é o Zé Coco do Riachão. Algumas das suas violas não têm a extensão da escala atingindo o tampo. É interessante se notar que esta não padronização da viola acarreta em instrumentos com as mesmas características, mas com timbres e formatos complemente diferentes. Uma viola, que não seja de fábrica, nunca será igual à outra. Isto também se aplica a outros instrumentos usados na música regional e de construção artesanal como a rabeca.
VIOLA CAIPIRA: UM POUCO DE SUA HISTÓRIA
A viola caipira (ou viola brasileira, viola sertaneja, viola de feira, viola de arame), tal qual a conhecemos hoje, nasceu na Península Ibérica no período renascentista.
Evidentemente, seu embrião já vinha se formando ao longo de alguns séculos durante a Idade Média. Particularmente em virtude da dominação mourisca de boa parte da Espanha por aproximadamente 800 anos.
A viola, enquanto instrumento, surgiu da influência árabe que vem do Al'úd (esta é a origem da palavra alaúde) que, naquele idioma, significa "a madeira", na mesma concepção com que hoje chamamos o violão de "pinho".
O nome Al'úd foi adotado quando seu antecessor - um instrumento rudimentar feito à base de couro e meia cabaça - passou a ser produzido com madeira.
Em Origens Árabes no Folclore do Sertão Brasileiro (1a. edição, 1995, Editora da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina), Luís Soler - que conviveu com Ariano Suassuna e, também, foi professor de Antônio Carlos Nóbrega, do extinto Quinteto Armorial - diz:
"O alaúde árabe, cultivado e difundido através de séculos e terras, na medida em que foi enriquecendo e enobrecendo seu formato e sua sonoridade, passou a incentivar parecidas melhoras em seus rudimentares congêneres europeus, os descendentes da fidula (ver adiante). Suas 5 ou 6 cordas duplicadas, correspondendo a tantas outras afinações básicas, seu sistema de braço provido de trastes, sua abertura circular trabalhada com um pequeno rosetão, sua caixa de cravelhas, a própria afinação das cordas, foram outras tantas características fielmente copiadas em terras cristãs. A vihuela hispânica, sobretudo, copiou muito do alaúde, se bem que ficou divergindo do mesmo em alguns aspectos de forma, tradicionais na viola, aos quais não quis renunciar".
E mais: "a vihuela, ou viola como era chamada em terras galaico-portuguesas, distingue-se do alaúde apenas no formato da caixa: em lugar do fundo bojudo, de 'meia-pera', ela apresenta dois tampos planos, um inferior e outro superior, interligados por altas ilhargas. Estes tampos, além do mais, não têm forma oval, como acontece com o alaúde, senão apresentam um estreitamento central, uma cintura quase idêntica a do atual violão. Este tipo de viola, já perfeitamente definido e muito popular no Portugal renascentista, é o que veio para o sertão e o que é conhecido, hoje, com o nome de 'viola sertaneja'. Com idêntico conjunto de cordas e idêntica afinação que a antiga (algumas pequenas diferenças que poderiam ser apontadas, quanto ao número de cordas e sua afinação, existiam já em relação ao velho modelo). Tão similar, aliás, que qualquer música escrita para vihuela ou alaúde nos séculos XVI a XVIII, na Europa - o repertório é muito grande - pode ser tocada na viola sertaneja sem qualquer adaptação prévia. Uma perfeita sobrevivência, neste caso também, das deixas musicais arábico-ibéricas: perdidas lá, conservadas aqui."
E a viola, tem este nome - ainda segundo Luis Soler - porque "deriva do termo fidula, latino, diminutivo por sua vez de fides, um antigo tipo de lira greco-romana, de cordas pulsadas. De fidula, por outra parte, derivam também os nomes de grande variedade de instrumentos europeus de cordas: a viola dos trovadores, a vièlle francesa, a vihuela espanhola, a viola portuguesa e italiana. E, ainda, o fiedel alemão e o fiddle inglês. Tudo o que faz é só mencionar nomes, porque na realidade os tipos que podem corresponder aos mesmos são, sobretudo nas etapas iniciais, de uma diversidade notável, devendo-se entender apenas, como denominador comum, um instrumento com caixa de ressonância de variadas formas, provido de cordas tensas a serem exclusivamente pulsadas, seja com dedos, seja com puas ou plectros".
Como vemos, a nossa querida viola é um instrumento histórico. Nasceu na Europa em período próximo ao do descobrimento do Brasil, embora seus avós já contassem com séculos de existência.
Talvez, dada esta semelhança cronológica e à receptividade que obteve por aqui, a viola tenha se "naturalizado" brasileira e, hoje, podemos dizer que é um instrumento tipicamente nosso, pois não "quis" fixar-se em sua terra natal.
De muitas possibilidades de afinação (Cebolão, Rio Abaixo, Rio Acima, do Capeta etc.) e de construção (só de madeira, ou com discos metálicos no tampo, várias formas de cravelhas, ou tarraxas, e com diferenças de tamanho e acinturamento), a viola tem um som, um timbre, inconfundível e inimitável.
Ouvi-la, é ouvir as profundezas dos sertões brasileiros, é ouvir a siriema, é ouvir o badalo do carrilhão da fazenda, o trenzinho maria-fumaça, é ouvir os sons, enfim, que só quem é da roça, ou já passou por lá, pode saber o significado; tocá-la é um privilégio - embora a viola toque sozinha, pois ela só toca "quando ela quer" - porque nos transporta a nós, violeiros e ouvintes, àqueles brasis de quando este instrumento era "a televisão do caipira", do caboclo sentado na soleira do casebre de pau-a-pique, nas noites estreladas, na companhia do pito de palha e da cachacinha, fosse da região que fosse.
E não há quem, da cidade ou do campo, resista aos seus encantos, principalmente aqueles que não a conhecem quando, surpresos, são apresentados a ela.
Se o coração do Brasil emite um som próprio, um batimento só seu, será o do ponteio de uma violinha, alegre ou triste. Uma violinha lá longe.
A VIOLA CAIPIRA
A Viola é, por excelência, o instrumento musical do meio rural, muito disseminada em nosso país em anos remotos, sendo encontrada nos mais longínquos rincões do sertão brasileiro. Sua origem é remota. Sabe-se que chegou ao Brasil a viola de Braga, em Portugal, e logo recebeu o nome de "braguesa". No baixo latim encontra-se: vidula, vitula, viella ou fiola, mas nenhum desses vocábulos serviu para designar a nossa viola. Tratavam-se de pequenos violinos tetracórdios. Era a viola de arco, uma espécie de rabeca. Mas a nossa viola é bastante velha, veio de Portugal e, ao aclimatar-se em terras brasileiras, sofreu algumas modificações, não só anatômicas mas também no número de cordas. Evoluiu tanto que, no Brasil, havia cinco tipos distintos de viola de cordas de aço: a paulista, a angrense, a cuiabana, a goiana e a nordestina. Algumas delas, senão todas, hoje foram esquecidas quanto à denominação. Diz-se pequena, média ou grande e ainda viola fandangueira, nordestina ou de repentista. As mais conhecidas e freqüentemente encontradas eram a angrense e a paulista. A Viola é o instrumento fundamental do modinheiro, é cordofônica, pois suas cordas comunicam sua vibração com o ar. Serve para acompanhamento de canto e dança. Pode ser tocada só, executando-se solos, em duplas, o que é muito comum, ou em acompanhamento, como se vê hoje em dia a formação de orquestras de viola caipira como a de Goiânia, São José dos Campos e Campinas. Ao lado da Viola, porém com menor freqüência, encontrava-se a rabeca, também oriunda de Portugal. Parece que a rabeca foi, no passado, a companheira inseparável da Viola, sendo encontrada hoje em dia raramente no litoral paulista e em outras regiões do Brasil. Um cordofônio tradicional que merece comentário é o cocho, Viola extremamente rudimentar, feita de uma única escavação em madeira conferindo corpo e braço ao mesmo tempo e um tampo colado de madeira. Está muito esquecida hoje em dia sendo encontrada às margens do rio Cuiabá e em outras regiões do MT e Região Centro - Oeste em geral. Alguns músicos, como por exemplo Roberto Corrêa e o ilustre maestro Zé Gomes, estão trabalhando para resgatar o instrumento. A urbanização da Viola, isto é, a sua entrada nos palcos e auditórios nas estações de rádio e televisão se deve ao saudoso folclorista paulista Cornélio Pires, que, em 1910, organizou o primeiro programa de viola no palco da cidade de Tietê SP e, pouco mais tarde, um festival em São Paulo capital no então Mackienzie College. Quando os Portugueses aqui chegaram, na ânsia de trabalhar na rude lida de povoar e colonizar as terras cabralinas, trouxeram também algo que encheria os momentos de laser. As danças e os cantos camponeses, a Viola, o culto à São Gonçalo, as Folias de Reis e do Divino Espirito Santo se estabeleciam nos sertões. Nas terras "além mar" eles sobreviveram, e as danças, cantos e cerimônias religiosas contribuíam para anular a nostalgia.
Colaboração de Thomas Calil picapau@inetminas.estaminas.com.br
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